Revisão do Plano Diretor de Itumbiara
Relatório Reunião Setorial
Zoneamento e Mobilidade
Data: 25/11/2021
Horário: 9h
Local: Auditório do Palácio 12 de outubro, Itumbiara
O presidente do CONDUR Wender Borges abriu a reunião saudando a presença de todos e passou a palavra para Gerson Neto, diretor de projetos da ARCA. Gerson fez uma introdução falando da importância da relação entre o zoneamento urbano e a fluição da mobilidade. A técnica da AMMAI Obede apresentou alguns mapas e gráficos produzidos pela equipe de diagnóstico do Plano Diretor de Mobilidade de 2019 mostrando os modais mais usados pelos moradores de Itumbiara, com destaque para o uso cicloviário. Obede também falou sobre as metas de segurança no trânsito da ONU. Falou ainda sobre a política municipal de mobilidade, instituída em 2015, que garante o espaço urbano como bem comum. Estimular espaços para estacionamentos de bicicletas.
Ivan da SMT
Trabalhou na saúde, e o trânsito é mais profundo que a saúde. A maioria quer um trânsito pra si, e não pra todos. As pessoas usam celular no carro, não usam cinto de segurança. O culpado do trânsito somos nós. Estamos implantando placas de trânsito, fazendo a pintura, tudo bem feito, mas as pessoas que ficam atrás do volante não respeitam. Ainda não temos engenheiro de trânsito em Itumbiara. Faltou planejamento de conjunto no passado. A faixa elevada de pedestre também tem suas dificuldades, não é uma solução mágica. O prefeito está investindo e instalaremos lombadas eletrônicas. Compramos também 6 ônibus para o transporte coletivo de Itumbiara. Existem problemas em relação ao trânsito, Supermercado Alves é um deles. As casas com frente de 5 metros não tem espaço para estacionamento e as pessoas acabam bloqueando as entradas das casas. A vaga de acessibilidade para cadeirante, a rampa é feita em local errado onde o próprio carro do cadeirante bloqueia a rampa. Precisamos de um estudo, de um engenheiro para que as coisas sejam feitas da forma correta. Temos em Itumbiara 370 mototaxis. Nem todos estão trabalhando. Vamos fazer um aplicativo para regulamentar todos os serviços, incluindo carga e descarga, aplicativos de transporte de passageiros e outros. Graças a Deus temos um convênio com a PM, ou as coisas seriam bem pior. Não retiramos multa na SMT que um policial lavrou. Itumbiara tem aproximadamente 88.000 veículos registrados no Detran, quase um veículo por habitante. Temos restrição de estacionamento para áreas de carga e descarga, mas as pessoas não respeitam. A partir do ano que vem teremos os agentes de trânsito. A área azul está sendo licitada agora, até amanhã vamos mandar o projeto para a Câmara. A pessoa constrói uma igreja, ou um comércio e não coloca estacionamento ou área de carga e descarga dentro do espaço da edificação, conta com o espaço da rua para isso. Eu quero instalar os bolsões para motos, mas se não houver uma educação para o trânsito aumenta o problema porque os carros não respeitam. Quando não temos o agente de trânsito essa educação fica complicada. Colocou a SMT a disposição para ouvir as contribuições das pessoas.
Mauro
Parabenizou a atual gestão por estar fazendo o Plano Diretor. Como deficiente físico fala das necessidades que sente na pele. Quando fala em acessibilidade pensa em cadeirante. Entre pessoas com dificuldade de locomoção e idosos já temos 40% da população que precisa de atenção para a acessibilidade.
Petrolinces
Engenheiro civil ha 40 anos em Itumbiara. Muitos aqui foram meus alunos na engenharia. Nossa prioridade é a mudança de cultura. Tudo começa dentro do meu escritório. O engenheiro e o arquiteto é o principal responsável pela acessibilidade nas obras públicas e privadas. O segundo responsável é o poder público que não fiscaliza. Isso é assim no país inteiro. A NBR 250 é de 2000, revisada em 2020. Poucos engenheiros conhecem. Quando se fala em mobilidade é o cadeirante, o de muleta, o de bengala. Mas também falo de mim que tenho mais de 60 anos. Não tenho a mesma mobilidade, meu pé está mais pesado. A mulher grávida, a pessoa com criança no colo, o carrinho de bebê… Temos que começar limpando as calçadas de Itumbiara, já que não dá pra consertar todas que estão cheias de degraus, porque isso causa acidentes. Não podemos fazer degraus na calçada, a inclinação da calçada deve seguir a inclinação da rua. O CREA e o município deve fiscalizar. 90% das obras nem pede habite-se. Mais que propostas de lei precisamos de ações. Quando fiz o curso de expansão em engenharia de trânsito em Brasília aprendi que uma placa pode criar um ponto de afunilamento que impacta lá na entrada da cidade. Sugiro que se faça um projeto completo para a cidade para depois fazermos as intervenções. Sou motociclista, bizeiro e motorista. Realmente é um problema seríssimo o da vulnerabilidade, não sei quem é mais, o motociclista, o ciclista ou o carro. A vulnerabilidade está sobre o que é mais agredido. Eu não ando de moto na cidade. Já fui atropelado de moto por outra moto na Beira Rio. As motos não respeitam nada, ninguém, nem pedestre nem carros nem ciclistas nem outras motos. Pensamos que podemos passar em qualquer cantinho, arranhamos carros, atropelamos pessoas, não paramos na faixa de pedestres. A redução da velocidade é bem vinda, mas precisa ser respeitada também pelo ciclista, que não tem placa, não é multado. Necessita de uma disponibilidade de estrutura de estacionamento. É um absurdo deixar construir Lojas Americanas, Mundo das Utilidades em estacionamento sendo que por baixo fizeram um arrimo imenso para construir e não tem estacionamento. O Plano Diretor prevê que para cada 100 metros de área construída tem que ter uma vaga. Minhas obras tem vaga. Nas minhas obras eu cumpro a legislação. Parte de nós engenheiros e arquitetos fazer a coisa certa, somos o início de tudo. Eu não faria uma obra daquela sem estacionamento, agora o cliente está lá reclamando que não tem estacionamento, o trânsito está uma bagunça. As avenidas estão fatiadas. Ainda não sei como ficará a Modesto de Carvalho. A Avenida Itumbiara está fatiada de ponta a ponta. Precisamos fechar os retornos, precisamos reduzir para reduzir os acidentes. Cara e descarga é aleatório em Itumbiara. Em outras gestões já tivemos empreendimentos colocando placas por contra própria. Caminhões grandes dentro da cidade em plena luz do dia. Não podemos permitir caminhões descarregando durante o dia todo, tem causado acidentes contínuos. Na Benjamim Constant, não dá pra caminhar pela calçada, tem que ir pela pista de rolamento, não só porque a calçada é cheia de degraus e buracos, mas porque ela está tomada pelos expositores das lojas. O mesmo na Itarumã e Santa Rita. Na Moto Gol está cheia de motos expostas para venda na frente. Custa mandar tirar isso? Não podemos permitir isso mais. Temos que criar uma convivência de carros, motos, criar os bolsões de bicicleta e motos para aumentar a segurança, segura. Isso tem que ser muito definido e equilibrado, a avenida tem que ter estrutura pra isso. Para o ciclista tem que criar estrutura separada, ou ciclofaixa ou ciclovia. Tem que fazer a estrutura, ela é difícil de fazer, custa dinheiro, mas é viável. O Ivan falou das faixas de pedestre elevadas. Elas vem sendo instaladas em muitas cidades e são extremamente inteligentes e viáveis. Ela possibilita que o idoso, o cadeirante caminhe e atravesse a rua no mesmo nível. Isso é antigo, o Dr Reuder, promotor de Itumbiara propôs e é viável. Ele também funciona como redutor de velocidade, principalmente para o carro. O deslocamento hoje de um bairro pra outro está totalmente prejudicado, especialmente para a baixa renda, porque não temos o transporte público. Vai começar agora, precisamos fazer em condições ideais para que possa funcionar. O estímulo de uso misto comercial e residencial é inteligente porque democratiza a cidade. A pessoa que está na periferia se precisa de um oftalmologista precisa ir ao centro, não tem estrutura perto do seu bairro. Quem mora hoje no Vilage, na beira rio, onde tem uma padaria, um barzinho, uma rotisseria? É uma solução inteligente o uso misto e está sendo incentivado em outras cidades. Precisamos incentivar o comércio, o lazer, a saúde, a escola nas áreas residenciais. Ouvi criticas gritantes quando instalou o colégio gabarito. Agora a escola já está pequena. Quantas famílias não vão usar aquela escola perto da casa delas, sem precisar se deslocar até o centro da cidade para que seus filhos estudem.
Ivan
Acrescentou que as lombadas físicas, pista de 30 até 40, a parte mais alta pode ser de 6 a 8 centímetros e 1,40 metros. As vezes a faixa elevada precisa ter um redutor antes para avisar que tem algo maior a sua frente, porque ela tem 15 centímetros. O grande problema é que o comerciante vai perder 7 metros de estacionamento. Por isso que é importante a cultura, temos que mudar, pensar no próximo.
Ângelo
Estou fazendo questão de vir às reuniões porque tenho aprendido muito. No dia 17 de janeiro as aulas na UEG já serão presenciais, vai acabar a experiência do ensino remoto. Na discussão que fizemos, temos alertado os alunos sobre o acesso a UEG, que fica no final da Modesto de Carvalho. Dispensa comentários o estado da Modesto de Carvalho, ela sempre foi muito ruim mas agora está pior. O alerta dos alunos é que tomem cuidado com o trânsito. A cidade anda sobre duas rodas, nossos alunos andam de bis. Já perdi a conta dos alunos que já vi acidentados. Juntou todo mundo no mesmo corredor, concessionárias, agronegócio, animais na pista, muitos carros, alunos… Não tem governo. Ninguém administra 88 mil veículos. Entramos nos aspectos culturais. A rua é pública e o cara tá apressado, ele não liga, ele passa por cima. Assim é a cabeça do homem ocidental, o cara faz o que quer porque acha que isso é democracia. Com essa forma de conceber o mundo, as relações, não tem obra de engenharia que dê conta, o policiamento que exige o cumprimento da lei vira inimigo da população. Tem que ter normas senão é impossível a convivência na cidade. Estamos com um desafio muito grande e o primeiro desafio é inibir o espaço do veículo privado em Itumbiara, senão não há engenharia que dê conta. Tem uma cidade alemã chamada Nalbourg, todo o transporte é público. A turma ia de carro privado, bebia, começaram a morrer. O poder público apostou suas fichas no transporte público de qualidade. A gente faz cálculos econômicos, se não compensa usar carro as pessoas vão preferir usar o transporte público. O transporte individual é uma tragédia inadministrável. Pela questão ambiental, pela melhoria na qualidade do ar e pela redução dos acidentes. Eu sou crítico, mas eu parabenizo prefeito porque pela primeira vez estamos discutindo os problemas estruturais da cidade. Esse grupo precisa dar solução para esses problemas estruturais porque as gerações futuras vão nos cobrar. Inibir o transporte privado vai ser bom para a vida. Nossos motoristas são péssimos, mal educados, machistas. Um segundo elemento, sou economista e encaro dessa forma, o que dificulta a fruição da cidade. Rua é uma experiência estética, emocional. Isso é uma passagem, um ponto de encontro. O debate da acessibilidade é um debate democrático. Falamos muito dos cadeirantes, mas tem os obesos, os idosos, outras modalidades de deficiências. Temos de 20 milhões de deficientes no Brasil. É preciso de fato resolver esses gargalos, a cidade democrática não é uma cidade liberal, onde cada um faz o que quer. Essa lógica burguesa arrebenta com a cidade e cria um ambiente de guerra de todos contra todos. A situação é terrível de todas as instituições. Na UEG a gente não consegue trocar uma lâmpada, comprar um sabonete para os banheiros porque não tem dinheiro, o papel higiênico. Colocaria esse registro na necessidade de inibir o veículo privado, é um moedor de carne humana, são 60 mil mortos no último ano no Brasil. E incentivar o transporte público. Finalmente, a cidade não está a venda, temos que manter as áreas públicas. Eu pedi uma CPI para investigar as áreas públicas passadas para a iniciativa privada que não foi a frente. A cidade não está a venda. As caminhonetes vão pra cima da gente, é um horror. As áreas públicas precisam ser para a cidade.
Nélio
Ciclista há 11 anos, mora em Itumbiara ha 16 anos. Químico recém formado. Também é motociclista e motorista. Conhece os modais. A bicicleta pode fazer uma revolução na nossa cidade. Conheço várias cidades do país, pratico o cicloturismo. Tenho aqui uma série de sugestões a partir do olhar do ciclista. Itumbiara pode ser uma cidade amiga do ciclista. Várias cidades já tem esse título. É dado a cidades que propiciam segurança ao ciclista. Os comerciantes reclamam da retirada de estacionamentos para abrir espaços para as ciclovias, mas é a ciclovia que atrai o ciclista. A bicicleta é cara, as lojas precisam oferecer espaços para estacionar as bicicletas, o resultado é positivo para o comerciante. A topografia de Itumbiara é privilegiadíssima. Fiz uma proposta de uma ciclovia que ligaria a Praça da Bandeira ao Bairro da Saúde. Seriam 5 Km com apenas 67 metros de elevação. Qualquer pessoa vence esse obstáculo com facilidade, mas precisamos de um espaço segregado para que as pessoas trafeguem com segurança. Em 19 minutos a pessoa sairia da Regiao Leste para chegar até o Centro. Outro exemplo que projetei foi uma ciclovia saindo da Praça da Republica pela avenida Equador até a Amarulina. Com apenas 82 metros de elevação. Geralmente usamos para lazer a estrada que vai por Minas até a Usina de Furnas. Surgiu a idéia de fazer uma pista de treinamento na estrada para Buriti Alegre. Mas Nélio sugere que esse recurso precisa ser investido aqui dentro da cidade, onde não temos um sistema de ciclovias. Precisamos fazer as obras para agora. Ciclovia chama os ciclistas. É como açúcar para formiga. Coloque a ciclovia que os ciclistas vem. Outra sugestão é o fechamento da Beira Rio aos domingos para o lazer. E a construção de uma ciclovia na Beira Rio.
Dênio da SMT
Quando foi feito o Plano de Mobilidade Urbana, a ULBRA apresentou uma sugestão de uma ciclovia na Beira Rio que é pouco usada. É uma coisa interessante de se pensar que o espaço está ocioso. A ULBRA deve ter esse projeto ainda. O Plano de Mobilidade Urbana de 2019 sugeriu a criação da ciclovia na Beira Rio tirando o estacionamento dos veículos, criando o horário da ciclovia. Por exemplo, das 18 a 24hs. Sugeriu da Trindade até Itarumã.
Obede
Precisamos publicar essas propostas e ouvir a população. Dar vida pra esses ambientes. Os lugares são perigosos porque a população não usa muito esses ambientes.
José Augusto
Vai pedir para a ULBRA encaminhar sua proposta de ciclovia na Beira Rio para compor a documentação da revisão do Plano Diretor.
Ângelo
A cidade é polissêmica. Precisamos espraiar os investimentos para além da Beira Rio, mandar os investimentos para os bairros para estabelecer uma lógica simétrica para a cidade. Os investimentos estão todos na beira rio. A Beira Rio é uma praça, a maior praça linear de Goiás. Defendo que sejam cessados os investimentos naquela área. Precisamos descentralizar a cidade, levar os investimentos para os bairros da cidade. A cidade é maior que a Beira Rio.
Wender
A questão do uso de contêiner e caçambas na cidade é uma vergonha. Muitas caçambas mal sinalizadas. Veículos abandonados nas ruas também atrapalham o trânsito, carros abandonados há mais de ano. Tem mais de 30 pontos desse tipo. Tem também a obstrução de passeio, com areia de obras de construção por exemplo. Eu oriento o pessoal a notificar, deu o prazo, não corrigiu é multa. Também precisamos exigir a construção de calçadas com o passeio feito de forma correta. Outro problema é a necessidade de investimento no serviço público. Dione pegou uma prefeitura toda arrebentada pelas administrações anteriores. Essa geração agora, como o Angelo falou, temos que cuidar. Montar as secretarias, montar as estruturas. Temos que ter solução.
Ângelo
Se somarmos as áreas registradas nos cartórios as terras chegam a Anápolis. A grilagem nos cartórios desorganizou os territórios. Precisamos descentralizar. Seria muito bom a prefeitura repensar.
José Augusto.
Quando foi feito o Plano Diretor original, as áreas institucionais eram pra ter sido feitas todas na região onde está a ULBRA.